Empresa familiar: o que aprender com os pais?

Todo mundo faz gestão

08/08/2014

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Aos 63 anos, Paulo Sabatke Filho é pura simpátia. Com uma energia de causar inveja há muitos jovens, o fundador e administrador da Catarinense Congelados atendeu a equipe do Blog Todo Mundo Faz Gestão para falar um pouco sobre empresa familiar e ensinamentos que um pai pode dar aos filhos.

Nascida em meados de 1986, a empresa referência em distribuição de congelados é fruto de uma parceria com a Nestlé.  Paulo era funcionário quando foi convidado a montar a distribuidora em Santa Catarina. “Como eu estava muito rico na época, tinha três filhos para dar de comer e a prestação de carro, aceitei o desafio”, conta entre risos o empreendedor.

A empresa começou em Blumenau, mas mudou para Itajaí onde permaneceu por muitos anos instalada na Beira Rio, até adquirir um terreno no bairro Dom Bosco onde possui sede própria. Seu Paulo relata com sinceridade as dificuldades e os erros cometidos. “Eu digo que tenho uma empresa familiar, apesar de cair e levantar, se eu voltasse esses 33 anos faria tudo de novo, claro melhor fosse voltar no tempo e manter a mesma experiência de hoje”, brinca.

O envolvimento dos dois filhos aconteceu de forma natural. Formada em jornalismo, Joice Catarina Sabatke, era uma menina de 6 anos e já saia para ajudar o pai na parte de vendas. Atualmente é a encarregada de cuidar do plano de expansão da distribuidora. Já o filho, Paulo Sabatke Neto, ou simplesmente Paulinho, é o advogado responsável por toda parte financeira da empresa.

E por falar em financeiro, um dos princípios do Paulo (o pai) é não manusear dinheiro dentro da empresa, tudo é feito via sistema bancário. Para ele, isso evita atrair riscos como assaltos, além de problemas de desvios internos.

Ensinamentos de um pai

Ao ser questionado sobre os ensinamentos que deseja deixar aos filhos, Paulo é direto: “Honestidade, o que meu pai e minha mãe me passaram. Ser honesto com o que se faz, com o que se diz e com as pessoas”, afirma. Firme, mas com um jeito divertido de conversar ele ainda explica: “Se devemos temos que pagar, se temos que receber, vamos receber”.

Apesar de não ter ensino superior, Paulo demonstra domínio sobre seu negócio e muito respeito com as pessoas que precisa liderar. Considera o estudo importante, mas acredita que as novas gerações tem muitas vezes o hábito [ou até mal hábito] de menosprezar o conhecimento proveniente da experiência, não necessariamente vindo de bancos de universidades.

“Meus filhos tem essas recaídas, ignorar um palpite de um funcionário mais humilde, eu sempre peço para eles ponderar. O trabalho precisa ser cooperativo”, defende.

A crença de que um negócio é administrado por uma única pessoa não cabe nos conceitos do experiente Paulo. Para ele, o administrador precisa refletir e ponderar as situações, não pode sempre ter razão e mesmo que a tenha, deve ser capaz de avaliar: será que é melhor ter razão ou ter a pessoa a seu lado?

Difícil equilíbrio mas essencial, principalmente quando se trata de uma empresa familiar, que é bem diferente de uma gerida por executivos. Paulo diz que quando o negócio é da família precisa dosar o patrimônio e ter alguns cuidados redobrados.

“Empréstimo em banco, no mercado ou investimentos aventureiros não podem fazer parte de uma empresa familiar. Pensa, se você vai pegar a sua receita, ou o seu salário que é para luz, água, aluguel e comprometer com outras coisas, não dá”, analisa.

Relacionamentos são a “alma” do negócio

Gerar e manter relacionamentos é um desafio hoje. Paulo explica que nem sempre o “x” da questão é o dinheiro, especialmente nos negócios de comércio e varejo. “Muitas vezes é uma questão de eu precisar e você estar presente, ou seja, 90% dos negócios dependem do relacionamento”, afirma.

“Você precisa por exemplo, ter uma lista dos top 100 dos seus clientes, uma vez por mês você visita ou tem um gerente muito bem designado para fazer uma visita e manter a relação”, explica. O próprio Paulo mantém uma agenda de visitas aos clientes tido como “chaves” ou mesmo aqueles em que há problemas.

O que Paulo explica é que não basta chegar e tirar o pedido. A visita vai além, precisa contatar o proprietário ver se há divergências e como está o andamento dos negócios. Além disso, é preciso confiar em seu produto, ter a certeza do que esta vendendo é diferente e tem qualidade.

E para fechar, um ensinamento muito importante em nossa era: fazer o seu próprio tempo. “Todo dia a noite eu vejo o que fiz, e ao acordar faço uma lista do que preciso executar, eu faço o meu tempo”, conclui.

 
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