O que a bicicleta pode ensinar para o ambiente empresarial?

Gestão Positiva

22/07/2014
“A vida pode ser mais simples do que a gente imagina”, esse é um dos ensinamentos que o economista de 46 anos, Fernando Baumann, aprendeu com as suas pedaladas cotidianas.

O sócio gerente da BBA adotou o ciclismo há mais de uma década, trocou a moto pela experiência do pedal e nunca mais largou. “Quando eu cheguei ao meu limite de correr de moto, precisava achar uma nova alternativa. Nada mais natural do que da moto eu voltar para bicicleta”, conta.

Natural de Rio do Sul, o homem de negócios contou como as suas experiências no pedal ajudam em muitos aspectos da sua vida, dentre elas as rotinas do mundo corporativo.

Mesmo ocupado, atendeu a equipe do Blog na sede de uma das suas empresas e durante mais de uma hora bateu um papo descontraído, no qual revelou como a bicicleta contribui para reatar algumas conexões perdidas. “A bicicleta te permite perceber e interagir com as pessoas, essa interação faz com que você se sinta pertencente a este mundo. Quando a gente se isola em uma caixa metálica, como é o automóvel a gente acaba vivendo fora da realidade”, explica.

 

Foto: Fernando em uma de suas viagens, com os moradores dos arredores de Pelotas, que também são adeptos ao ciclismo. -  Acervo pessoal de Fernando Baumann

Foto: Fernando em uma de suas viagens, com os moradores dos arredores de Pelotas, que também são adeptos ao ciclismo. - Acervo pessoal de Fernando Baumann



 

TMFG: O ciclismo tem aumentado na região, a que se deve o fenômeno? E como o pedal pode trazer ensinamentos para a sua vida pessoal?

Fernando: Balneário Camboriú tem uma condição extremamente favorável. É uma cidade plana, pequena, pouca territorialidade, então você facilmente se desloca. Andar de bicicleta contribui para a agilidade. Então, eu começo a perceber que com pouca coisa, eu consigo me movimentar. Ela mostra que a vida pode ser mais simples, sem um grau de complexidade.

O segundo ponto é que a bicicleta te traz umas percepções. Ela [bicicleta] é um exercício de humildade. O automóvel para nós latinos e brasileiros é sinônimo de status, de ascensão social, de ganho e de reconhecimento. E isso em Balneário Camboriú é elevado à enésima potência.

De bicicleta eu tenho que me colocar em uma condição inferior de duas formas: primeiro perante a magnitude do trânsito e segundo, pela importância que se dá ao ter e não ao ser. Então, a bicicleta ao ser usada no dia a dia te coloca em uma condição de simplicidade e é um exercício.

TMFG: Você acredita que esses ensinamentos podem ser levados para a sua vida profissional?

Fernando: Empresarialmente eu não me basto por mim mesmo. Eu preciso das pessoas e da colaboração. E a partir do momento que eu entendo que para crescer, as pessoas que estão comigo também precisam crescer, eu consigo trazer essa simplicidade de raciocínio para o meu dia a dia de negócios, e mostrar que sozinho, eu não chego a lugar nenhum.

No carro você liga o ar condicionado, escuta a tua música, não tem contato com a poluição, com barulho, com nada. Você se fecha dentro do seu mundo, você se basta.

Fazendo uma analogia para o nosso negócio, o empresário não pode mais se bastar. Isso até uns anos atrás valia um pouco, hoje não vale mais. Eu preciso das pessoas, preciso que elas se valorizem e que entendam que existe uma interação e que essa interação é: um tem o valor de um.  A bicicleta me coloca nessa condição, ninguém é melhor que ninguém. Todos estão na mesma situação.

 

Foto: Flickr/bilobicles

Foto: Flickr/bilobicles



 

TMFG: Você se desafia constantemente com travessias de longa distância, já pedalou, por exemplo, da Argentina para o Brasil. Por que viver isso, o que agrega a sua vida?

Fernando: O desafio de longa distância começou primeiro para ser diferente e segundo para testar os meus limites. Esse foi o principal objetivo. E ai a gente teve uma percepção muito bacana, não existem limites. O limite é você quem coloca. Você é do tamanho que você se enxerga.

O pedal é só uma desculpa. Uma desculpa para algo que pra mim é mais importante, que é fazer o diferente e principalmente testar os nossos limites. Inclusive, eu tenho dois filhos, e eu sempre digo para eles: testem os seus limites, mas com responsabilidade.

TMFG: Mas há riscos nesses desafios, por que correr e arriscar-se dessa maneira?

Fernando: Existe uma diferença entre se arriscar e assumir riscos. Normalmente as pessoas dizem “mas vocês são loucos”. As pessoas olham essas travessias de longa distância como algo de dor, cansaço e risco. Normalmente a primeira abordagem é negativa.

Não existe o entendimento de que se arriscar e assumir riscos é diferente. Arriscar-me é eu pegar a minha bicicleta agora e sair por ai andando sem planejamento, sem me preparar, sem o equipamento de segurança.  Eu assumo riscos, planejando o período da minha viagem se é mais frio ou mais quente, se é um período com mais ou menos vento. Programo os horários de pedalada e uso um equipamento de boa qualidade e de segurança. Isso é assumir riscos, eu me preparo para assumir uma condição adversa.

 

Foto: flickr/gregraisman

Foto: flickr/gregraisman



TMFG: Pensando nessa diferença, se arriscar e assumir riscos, podemos afirmar que acontece o mesmo no mundo empresarial?

Fernando: Para o mundo empresarial é a mesma coisa. O medo de ir adiante, porque entende que está se arriscando, faz com que o empresário trave. Ele precisa entender que arriscar e que assumir risco tem uma diferença.

As coisas podem dar errado? Com certeza. Assumir risco também pode dar errado. Só que eu posso minimizar essa possibilidade. Ao me arriscar o índice de erro é enorme, e quando eu assumo os riscos, o índice de erros é menor. A gente [parceiros de viagem] já fez muita coisa e nunca tivemos nenhum problema grave.

Ai vem o segundo ponto, que tem que ter sempre. A gente tem que acreditar que é possível. Quando a gente acredita que é possível, a gente faz. A gente não discute, a gente pega e faz, executa.
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Comentários

Henrique da Silva Wendhausen

Parabéns pelo tema abordado, atual e nos traz grande ensinamento para melhorar a qualidade de vida no nosso dia a dia. O entrevistado Fernando, além de experiência no assunto, consegue passar através de suas palavras o valor exato do que é se tornar um adepto do ciclismo.

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